Quanto coisa mudou desde que o ato de assistir televisão deixou de ser passivo e saímos do modelo de um para todos promovido pela TV analógica. Segundo o site da Agência Brasil, apenas 2,8% de 69 milhões de casas no Brasil não têm TV. Mas é notório que a televisão da década de 1980 é bem diferente da que consumimos hoje.
As TV’s de tela plana, em sua maioria, são do modelo smart, o que não apenas melhora a imagem dos produtos televisivos, como também abre uma nova corrida pela atenção do telespectador, além de se conectarem aos celulares. A experiência multitelas possibilita novos tipos de publicidade online e dá um verdadeiro nó na cabeça dos publicitários. Antigamente, era preciso escolher o tempo das propagandas, o perfil do consumidor, definir o canais de distribuição e sua frequência.
Hoje, como afirma o pesquisador Carlos Eduardo Marquioni, além do avanço tecnológico, nos deparamos com o que ele chama de "próteses adicionais". O exemplo mais famoso é o controle remoto, que alterou nossa maneira de assistir televisão. O número de "próteses" não para de crescer. Elas ampliam imensamente nossa interação, mas, no mesmo nível, nossa distração.
A segunda tela pode ser o celular, o tablet ou laptops, mas o efeito zapping ganha apoio também por meio da concorrência. Entre os aplicativos instalados nos aparelhos televisivos, muitos deles podem ser acessados diretamente via celular, utilizando recursos de compartilhamento via wi-fi, como é o caso do Chrome Cast do Google.
Sempre percebemos a televisão como espelho de nossa cultura. As telenovelas trazem sempre temáticas sensíveis à sociedade. Os BBBs revelam o comportamento dos participantes e muitas vezes os nossos também.
O autor Raymond William, em seu texto “A Cultura é Algo Comum”, trouxe uma bela reflexão ao apontar que o progresso das comunicações trazidas pelas novas formas de transmissão múltiplas "criou divisões incomensuráveis entre o transmissor e a audiência", gerando assim novas massas. Vide os fenômenos trazidos pelas lives do YouTube, algumas com mais de 28 milhões de visualizações, como a transmissão da dupla Bruno e Marrone.
Youtube tem suas regras
O YouTube é hoje o maior repositório de vídeos do mundo e o segundo maior buscador da web, e também agora o canal mais estável para lives dada a sua robustez e capacidade de agregar milhões de pessoas ao mesmo tempo. Hoje temos uma imensidão de porta-vozes, capazes de gerar engajamento ou tornarem-se relevantes.
O espaço ganhou uma democracia inimaginável e trouxe mais gente para o contexto audiovisual. Centenas de milhares de pessoas discutindo pontos de vista, ensinando processos e buscando sentido nos mais diversos campos de atividade. As lives das redes sociais e os repositórios de streaming vivem seus momentos áureos, gerando novos contextos que passam a fazer parte do nosso cotidiano - as transmissões ao vivo. No entanto, o Youtube tem suas regras e ferir direitos autorais pode derrubar a live automaticamente.
O Youtube monitora os usuários quanto ao direito autoral vejam: "Verificamos todas as transmissões ao vivo para encontrar correspondências com o conteúdo de terceiros, incluindo material protegido por direitos autorais na forma de outra transmissão desse tipo, como um evento esportivo. Quando identificamos conteúdo de terceiros, uma imagem de marcador substitui a transmissão ao vivo até que nosso sistema não detecte mais a correspondência. Em alguns casos, o evento pode ser encerrado." Veja a íntegra neste link.
Nas ruas saímos de máscaras e escondemos o rosto. Nos ambientes virtuais estamos cada vez expostos e também vulneráveis. Veja o caso da Gabriela Pugliesi (foto abaixo. Fonte: Revista Istoé). A influencer precisou desativar o perfil no Instagram após mostrar que realizava festa durante quarentena. Estamos atentos e intolerantes com o outro. Conseguimos marcar nossos pontos de vista com rapidez, e isso nem é sempre é saudável. Segundo afirma o site da Istoé, a influenciadora inclusive perdeu contratos publicitários além de receber críticas de outras influenciadoras e celebridades.
As narrativas audiovisuais em ambientes virtuais ganham novos contornos e milhões de atores. Como apontam os pesquisadores Alex Primo e Raquel Recuero, novas narrativas são construídas a partir de relações de colaboração e cooperação, tornando instáveis as fronteiras entre leitor e autor. E essa fronteira nunca esteve tão instável, não é mesmo?
As lives provocam novas condutas, induzem novos formatos de publicidade e tensionam questões éticas, como consumir bebida alcoólica ou fumar durante os shows. Colocam à prova os direitos de imagem e também os direitos autorais. As lives reverberam, abrem espaços para comentários e interação, nos colocam em um novo patamar no que se refere à comunicação. Inauguram formatos, mudam o jeito de se fazer televisão e conquistar audiência. As lives vieram para ficar? Uma coisa é certa: o marketing digital ganhou um elemento importante e dele não podemos mais abrir mão.
Mín. 23° Máx. 28°
Mín. 22° Máx. 31°
Sol, pancadas de chuva e trovoadas.Mín. 23° Máx. 30°
Sol com muitas nuvens e chuva